Projeto Onça Social
O impacto da predação de onças-pintadas sobre rebanhos domésticos vem sendo documentado, e quantificado ao longo de suas áreas de distribuição e a consequente retaliação sobre os animais predadores tem sido destacada como uma das principais ameaças à conservação dessas espécies. Assim, programas que envolvessem um diagnóstico da situação, bem como medidas de manejo que auxiliassem na busca de soluções para o problema da predação deveriam ser implantados de forma a assegurar uma coexistência pacífica entre o predador e o homem e, consequentemente, a sua conservação. O Projeto Onça Social foi um segmento do Programa de Monitoramento de Longa Duração da População de Onça-pintada no Pantanal do Rio Negro-Aquidauana-Miranda, e teve como objetivo levantar informações científicas a respeito da predação de onças-pintadas sobre o rebanho bovino e atuar diretamente com a comunidade compensando financeiramente aos proprietários pelas perdas do rebanho predado pelas onças e, propiciar assistência médica e odontológica gratuitas aos funcionários das fazendas parceiras. O Projeto teve início em setembro de 2002 em 13 propriedades rurais na região da RPPN Fazenda Rio Negro.Fforam realizados diagnósticos para o problema, propostas e implementações de ações de manejo para auxiliar na conservação da espécie na região, trabalhando em parceria com a comunidade de produtores rurais e funcionários das propriedades, através de ações sociais. O estudo investigou e caracterizou a dinâmica da predação do gado por onças, avaliou seu impacto econômico na área de estudo, aplicou medidas de manejo e contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de funcionários das propriedades parceiras. Paralelamente foi desenvolvido um estudo da ecologia populacional de onças-pintadas na região. Como medida de compensação financeira, o IOP se comprometeu a compensar financeiramente cada cabeça de gado comprovadamente abatida por onças. O valor pago foi pré-estabelecido e acordado entre o IOP e os proprietários das fazendas parceiras. Em contrapartida, os proprietários assinam um contrato onde se comprometem a não abater as onças sob nenhuma circunstância durante a vigência do projeto. Ação Social O Projeto propiciou aos funcionários das propriedades parceiras assistência médica e odontológica preventiva e de diagnóstico gratuitas em campanhas pré-programadas nas propriedades. Cada campanha teve a participação de um profissional de educação ambiental que realizou com a comunidade um trabalho de informação e conscientização. As atividades sociais foram realizadas através de parceria com a UNIDERP. O monitoramento das onças-pintadas abrangeu as 13 propriedades rurais parceiras. Uma combinação de métodos diretos (armadilhas fotográficas, captura, rádio-telemetria e observação direta) e indiretos (rastros e entrevistas com moradores) foi utilizada para mapear a distribuição e abundância de onças e suas principais presas na região do estudo. Um total de 100 armadilhas fotográficas foram distribuídas ao longo de trilhas naturais. Os registros fotográficos das onças-pintadas foram utilizados como um método de contagem dos indivíduos. Durante o estudo, 25 onças-pintadas foram capturadas e equipadas com rádio-transmissores. As 13 propriedades rurais integrantes do Projeto Onça-Pintada – Pantanal abrangem uma área superior a 210.000 hectares, que somados aos 75.000 hectares do Parque Estadual do Rio Negro, representam a maior área de proteção para a onça-pintada no bioma Pantanal, com aproximadamente 300.000 hectares. Os resultados deste projeto são modelo para a conservação da onça-pintada em áreas privadas do Pantanal e em outras áreas de sua ocorrência, permitindo a sua coexistência com produções pecuárias e o homem. Faça parte desta transformação Faça uma doação Junte-se a nós. Só assim vamos fazer a diferença! Apoiar esta Causa ⇾ Quer saber mais sobre o Instituto Onça-Pintada? Reservamos aqui ao lado uma área com as perguntas mais respondidas, talvez sua dúvida seja uma delas? Dê uma olhada e caso não encontre a resposta desejada basta clicar no botão logo aqui abaixo! Fale com a gente ao vivo ⇾ • Qual o motivo da existência do Instituto Onça-Pintada? Conservar a onça-pintada vivendo em harmonia em seu ambiente, é uma tarefa árdua que implica no conhecimento sobre a espécie, sobre as ameaças que ela sofre, sobre como podemos contribuir para solucionar os problemas que afetam diretamente à sua conservação, e principalmente sobre a importância que ela exerce na qualidade de vida de todos nós. Esta tarefa não deveria ser vista ou entendida como um dever e uma obrigação de ambientalistas, mas sim de todos os segmentos da sociedade. Somos humildes porta-vozes desta causa e convidamos você a fazer parte deste grande desafio. Junte-se a nós! • Porque é fundamental a conservação da espécie Onça-Pintada? No Brasil, o IBAMA classificou-a como ameaçada de extinção em 2003. No mundo, como quase ameaçada, pela IUCN em 2008. A Amazônia é atualmente seu maior refúgio. Aproximadamente, metade da distribuição atual da onça-pintada encontra-se em território brasileiro, o que faz do Brasil um país extremamente importante para garantir a conservação da espécie em longo prazo. • Quais as estratégias usadas para minimizar conflitos entre esses predadores e os pecuaristas? O abate de onças-pintadas, em retaliação a prejuízos que elas causam a pecuaristas, continua sendo uma importante ameaça à conservação da espécie. Isso demonstra que, para conservar a onça-pintada não basta manter habitats e presas naturais, mas também minimizar conflitos entre esses predadores e os pecuaristas. Entre 2002 e 2004 o Instituto Onça-Pintada testou um modelo de manejo para o conflito onça-pecuarista, utilizando a compensação financeira para os proprietários e assistência médica para os funcionários de 13 propriedades parceiras (Projeto Onça Social). • Para que serve o (FCOP) Fundo para a Conservação da Onça-Pintada? O Fundo para a Conservação da Onça-Pintada, visa fomentar a implementação de ações proativas que resultem em salvar populações da espécie e seus habitats naturais, no longo prazo.• Para que serve o Certificado Onça-Pintada e por quem pode ser adotado? O Certificado Onça-Pintada é direcionado a produtores rurais, empreendimentos ou prestadores de serviço que estejam estabelecidos em áreas de ocorrência da onça-pintada, cujas práticas sustentáveis contribuam para a sua conservação. A certificação é um processo voluntário, passível de ser adotado por aqueles que se preocupam em contribuir para uma mais efetiva e bem-sucedida conservação da espécie, e do meio ambiente em gera.l
Ecologia, Manejo e Conservação da Ariranha (Pteronura brasiliensis) na região do Parque Estadual do Cantão – TO
Apesar da ariranha ter importância ecológica como predador topo de teia alimentar e estar entre as espécies ameaçadas de extinção, são escassos os estudos acerca de sua ecologia e conservação. O Parque Estadual do Cantão (PEC), com seus 90.000 hectares de floresta, localiza-se em uma área de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, ao extremo sudoeste do estado do Tocantins, e é uma das últimas grandes áreas conservadas ao longo do Rio Araguaia que abrigam altas densidades de ariranha. Este estudo teve como objetivo geral levantar informações sobre a biologia e a ecologia da ariranha no Parque Estadual do Cantão, assim como levantar informações sobre as ameaças à sua conservação na região. A estimativa da densidade de ariranhas foi realizada com base no número de tocas ativas no PEC.Os trechos de rio foram percorridos e as tocas serão registradas associando a coordenada ao tipo de vegetação.Os animais foram capturados utilizando redes tipo funil que foi armadas na entrada da toca. Dois indivíduos adultos de cinco grupos distintos receberam o transmissor.O transmissor foi implantado na região intraperitoneal. Dados de área de vida, uso de habitat, padrão de atividade foram obtidos através de monitoramento por rádio telemetria.
Ecologia e Conservação da Onça-Pintada na região do Parque Nacional do Viruá – Roraima
O Parque Nacional do Viruá (PNV), apesar de extenso, teve sua população de onça-pintada estimada em cerca de 60 indivíduos, a qual teria uma viabilidade de não mais do que 100 anos (Sollmann et al., 2008). Desta forma, o potencial de conservação da espécie, em longo prazo, na região depende da manutenção da conectividade do PNV com as UCs adjacentes para manter sua integridade. O entorno do Parque Nacional do Viruá foi identificado como uma região onde o abate de indivíduos de onça-pintada é comum. Desta forma é necessário investigar as dimensões e intensidades deste conflito para que estratégias de manejo e conservação possam ser tomadas. O objetivo geral deste projeto foi estudar a ecologia da onça-pintada no PNV e seu entorno e avaliar as principais ameaças para a conservação da espécie em longo prazo nesta região. Dados sobre a abundância e a densidade de onças-pintadas foram coletados utilizando-se armadilhas fotográficas. Os registros de onça-pintada foram analisados com modelos de captura-recaptura, utilizando-se o programa de computador MARK, obtendo-se estimativas da taxa de sobrevivência e de dinâmica populacional. Para o estudo da dieta, foram coletadas fezes, com a ajuda de cães farejadores, de acordo com Vynne et al. (2010). A abundância relativa de espécies-presas das onças-pintadas foi levantada com os registros das armadilhas fotográficas. Para o levantamento de casos de predação de gado por onças-pintadas foram aplicados questionários nas comunidades rurais em torno do parque. Os mesmos questionários foram utilizados para investigar a percepção da comunidade rural da região em relação à onça-pintada..
Impacto da cana-de-açúcar sobre a fauna do Cerrado
Este estudo teve como objetivos realizar um diagnóstico do impacto da cana-de-açúcar sobre espécies bioindicadoras em áreas sob influência das Usinas de Bioenergia situadas na região do Parque Nacional das Emas (PNE), assim como, elaborar e implantar um programa de conservação da biodiversidade dessa região. As espécies: onça-pintada, onça-parda, lobo-guará, anta, queixada, cateto, tamanduá-bandeira, tatu-canastra e ema foram selecionadas como bioindicadoras, por apresentarem requerimentos ecológicos elevados, que englobam as necessidades de diversas outras espécies. O trabalho abrangeu o Diagnóstico, por meio da interpretação de imagens de satélite e mapas de uso do solo para delimitar e caracterizar a vegetação nativa remanescente na área de abrangência das Unidades de Bioenergia. Foram distribuídas 100 armadilhas fotográficas por um período de 8 meses consecutivos. Os registros fotográficos foram analisados anualmente, permitindo o monitoramento em longo prazo da riqueza, abundância e distribuição da comunidade de mamíferos nas áreas amostradas. Também foram realizados censos de vestígios indiretos de mamíferos (rastros e fezes). Os resultados deste estudo mostraram o uso da paisagem alterada pela cultura da cana-de-açúcar, além de possibilitar a identificação de áreas estratégicas para a recomposição da conectividade de habitats. Ao longo do tempo os dados mostraram quais as linhas de atuação e manejo eram necessárias para a conservação e bem estar da biodiversidade nas áreas de influência das Usinas de Bioenergia da região.
Ecologia Populacional da Onça-pintada na região do Parque Estadual do Cantão
Este estudo teve por objetivo levantar aspectos biológicos básicos sobre a onça-pintada na região do Parque Estadual do Cantão, elaborar um protocolo de monitoramento da população de onças-pintadas utilizando armadilhas fotográficas; estimar o tamanho da população local de onças-pintadas; monitorar a abundância de presas naturais para as onças-pintadas; caracterizar a dieta da espécie; caracterizar o uso de habitat pela espécie em função da sazonalidade local e avaliar as condições sanitárias da população de onça-pintada. O Parque Estadual do Cantão tem 90.000 hectares em bom estado de preservação e é vizinho a duas outras Unidades de Conservação, o que faz do Parque um dos mais importantes refúgios faunísticos do Brasil Central. Sua localização geográfica consiste num ecótono de fundamental importância para manutenção da biodiversidade dos ecossistemas envolvidos e das populações de onças-pintadas da região. A realização de um plano de monitoramento permitirá além de um diagnóstico pontual da população de onça-pintada da região um acompanhamento da sua dinâmica populacional, contribuindo para embasar estratégias de conservação da espécie. Além disto, a realização de análises genéticas destas populações permitirá uma avaliação de sua diversidade e conectividade (histórica e atual) com outras áreas, embasando a elaboração de estratégias adequadas de conservação e manejo desta comunidade.
Distribuição Atual e Situação de Conservação da Onça-Pintada no Brasil
Este projeto teve início em 2005 e teve como objetivo a coleta sistemática e atualização de informações sobre a distribuição da onça-pintada no país, identificando populações e avaliando o seu estado atual de conservação. As informações foram coletadas através da literatura, coleções de museus e zoológicos, pesquisadores e através de pesquisa a campo pela equipe do IOP, utilizando entrevistas com moradores locais, armadilhas-fotográficas e cães farejadores de fezes. O estudo acumulou mais de 1.000 pontos de ocorrência de onça-pintada no Brasil. De acordo com os dados coletados, a região amazônica é responsável pela maior população contínua da espécie, seguida do bioma Pantanal. As populações do Cerrado e Caatinga encontram-se cada vez mais restritas a Unidades de Conservação enquanto, na Mata Atlântica, as pequenas populações encontram-se fragmentadas e isoladas em áreas protegidas (parques e reservas). Esses dados já possibilitaram a realização de uma análise da viabilidade populacional da onça-pintada em áreas protegidas (Sollmann et al., 2008) e foram utilizados para modelar a distribuição atual e futura da espécie (Tôrres et al., 2008).