Ecologia e Conservação da Onça-Pintada nos Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões

Localizados no extremo sudoeste do Estado do Piauí, o Parque Nacional da Serra da Capivara, Parque Nacional Serra das Confusões, Estação Ecológica Uruçuí-Una e Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, áreas definidas como foco deste estudo, somam mais de 1.400.000 hectares, de área de Caatinga e Cerrado. Estas Unidades de Conservação estão situadas em uma região de ecótono (transição) entre o Cerrado e a Caatinga, sendo que os Parques Nacionais são considerados como regiões-núcleo para a persistência da onça-pintada em longo prazo e de alta prioridade de investimentos para a conservação. Este estudo teve como objetivos elaborar e implantar um programa de monitoramento, em longo-prazo, das populações de onças-pintadas e suas presas naturais nos Parques Nacionais da Serra da Capivara, Serra das Confusões, Nascentes do Rio Parnaíba e Estação Ecológica Uruçuí-Una, onde foram utilizadas: armadilhas fotográficas, captura, colocação de rádio-transmissores (VHF e GPS), coleta e análise de material biológico, monitoramento por radiotelemetria, e coleta de fezes usando cães farejadores.

Ecologia e Conservação do Tatu-Canastra no Cerrado do Brasil Central

Este estudo tem como objetivos gerais levantar informações sobre a ecologia do tatu-canastra e identificar as ameaças à sua conservação na região do Parque Nacional das Emas e propriedades rurais do seu entorno. Foram utilizadas armadilhas fotográficas para a estimativa de densidade, padrão de atividade e uso de habitat. O conjunto das informações obtidas neste estudo permitiram caracterizar o perfil ecológico do tatu-canastra e destacar as exigências básicas para sua conservação. Sete indivíduos foram capturados para a marcação e/ou colocação de rádio transmissor, permitindo obter informações sobre a área de vida, padrão de atividade e uso de habitat pela espécie. Armadilhas fotográficas foram instaladas para uma estimativa de densidade da espécie no Parque e conhecimento do seu padrão de atividade. Dados revelaram que a espécie é amplamente distribuída no Parque.

Ecologia, Manejo E Conservação da Ariranha na região do Rio Araguaia

A ariranha (Pteronura brasiliensis), pertencente à Família Mustelidae, é a maior lontra de rio, é um dos maiores carnívoros terrestres da América do Sul. Sua distribuição geográfica se estende originalmente desde o Suriname até o Norte da Argentina. A espécie encontra-se oficialmente listada como ameaçada de extinção pela IUCN (2018) e pelo MMA (2022). A maior causa do desaparecimento da espécie é a caça resultante de conflitos com comunidades de pescadores ribeirinhos. A poluição de rios também pode estar contribuindo para o declínio de algumas populações de ariranha. Gutlieb et al. (1997) levantam a possibilidade de efeitos nocivos da poluição por mercúrio oriundo de garimpos de ouro no Peru. Este projeto vem sendo realizado na região do Rio Araguaia: na Área de Proteção Ambiental Meandros do Rio Araguaia, com 357.126 hectares, localizada nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, em torno de uma região central do ecossistema do rio Araguaia e, na Reserva Extrativista Lago de Cedro, localizada no município de Aruanã-GO, também ao longo do Rio Araguaia. Ambas as áreas estão situadas dentro do Bioma Cerrado, e abrigam altas densidades de ariranhas. Desde 2007, o Instituto Onça-Pintada e o INPA realizam estudos de ariranhas com a técnica da radio-telemetria com sucesso na região do Parque Estadual do Cantão- TO e na região mencionada. Os animais monitorados até o momento apresentaram área de vida entre 4,62 km² e 16,25 km² e padrão de atividade diurno das 6:15 às 18:15. A continuação do estudo proporcionará mais conhecimento sobre a ecologia, situação genética e sanitária da espécie na região, e esses dados auxiliarão na conservação da espécie. As informações geradas também permitirão delimitar de forma adequada áreas que deverão ser incorporadas no delineamento de futuras unidades de conservação com vistas à manutenção de populações estáveis de P. brasiliensis, o que trará benefícios conservacionistas não somente as ariranhas, mas a todos os ambientes e espécies a ela associado.

Ecologia e conservação da pacarana

A pacarana (Dinomys branickii), uma espécie pouco conhecida, é o terceiro maior roedor do mundo e sua distribuição inclui a Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e norte do Brasil. Vive em grupos compostos por um par de adultos e suas crias. Este projeto tem duas linhas de atuação: A conservação in situ, que ocorre no ambiente natural da espécie e a conservação ex situ, que ocorre em cativeiro. Na natureza, os objetivos são conhecer as demandas ecológicas e de conservação da pacarana, o que inclui investigar o impacto da caça de subsistência, assim como, a retaliação humana sobre a espécie em decorrência de eventuais prejuízos que causam em plantações. Em cativeiro, os objetivos são estudar as relações de cuidado parental; desenvolver protocolos de manejo alimentar, reprodutivo e sanitário; desenvolver as melhores estruturas de recinto e estabelecer o primeiro plantel reprodutivo de pacarana, por meio do Criadouro Científico Instituto Onça-Pintada.

Distribuição Geográfica, Avaliação Genética e Odontológica da Onça-Pintada no Brasil

O presente projeto tem como objetivo o levantamento de informações sobre três tópicos importantes para a conservação da onça-pintada: a distribuição geográfica, a diversidade genética e a avaliação odontológica da espécie, utilizando material biológico (crânios, peles e tecidos) provenientes de instituições de ensino e pesquisa, museus, animais atropelados e material apreendido pelos setores de fiscalização dos órgãos de meio ambiente, escritórios do IBAMA e policiais ambientais e florestais dentro do território brasileiro. Esse material biológico, de extrema relevância para a pesquisa sobre a onça-pintada, acaba sendo esquecido e não é utilizado por pesquisadores, apesar de ser fundamental para a complementação das informações encontradas por todos os projetos de pesquisa a campo. A avaliação genética, através da pele e tecido permitirá o conhecimento da variabilidade genética da população de onça-pintada no Brasil, permitindo também uma comparação em nível de sequência com onças-pintadas de diferentes regiões. Esses dados são de extrema importância quando somados a trabalhos que já vem sendo realizados com animais capturados em vida-livre. A avaliação odontológica, apesar de fundamental importância, apenas recentemente vem sendo compreendida e documentada por médicos veterinários de animais silvestres. Estudos a campo vêm demonstrando que o índice de fraturas dentais encontradas em onças-pintadas de vida-livre é superior ao esperado. Sendo que a avaliação da cavidade oral desses indivíduos será de extrema relevância para a compilação e complementação dos dados coletados a campo. As informações sobre a distribuição de cada amostra biológica do presente estudo serão anexadas ao banco de dados do estudo sobre a distribuição geográfica da onça-pintada no Brasil, desenvolvido pelo Instituto Onça-Pintada.

Padrões de distribuição e estimativa de abundância do boto rosa no Rio Araguaia

O boto Inia geoffrensis é uma espécie de golfinho de rio endêmico de águas continentais da América do Sul. Sua ocorrência abrange os rios e lagos da Bacia Amazônica, do Orinoco e Tocantins-Araguaia (Best & da Silva, 1989; Meade & Koehnken, 1991). Estudos sobre a ecologia e a biologia da espécie vêm sendo realizados na região amazônica (Pilleri, 1979; Magnusson et al, 1980; da Silva, 1983, 1994; Meade e Koehnken, 1991; Trujillo, 1994; Vidal, 1997; McGuire e Winemiller, 1998 Denkinger, 2001; Aliaga-Rossel, 2002, 2003; Martin et al, 2004; Martin e da Silva, 2004, 2006b;). No entanto, para a população de botos existente na bacia Araguaia-Tocantins, pouco se conhece sobre sua distribuição, tamanho populacional, comportamento e taxas de mortalidade. Amaral (2002) fez uma caracterização da espécie, Carneiro (2002) estimou a abundância para a região do médio Araguaia e Araújo (2007) verificou a influência do tráfego de embarcações sobre o comportamento do boto em um tributário do rio Araguaia. O estudo de parâmetros populacionais de uma espécie, (ex: tamanho populacional e padrões de distribuição), principalmente as endêmicas, é de fundamental importância para se conhecer bem a dinâmica de uma população animal (Parra et al, 2006). A falta dessas informações básicas pode dificultar o reconhecimento da magnitude dos impactos antropogênicos sobre as espécies e diminuir a eficiência das medidas de conservação (Parra et al, 2006; Segura et al, 2006). Sua ocorrência restrita faz com que sejam mais vulneráveis a impactos ambientais regionais, portanto, estratégias para sua conservação devem ser extremamente eficazes. Obter estimativas de abundância é uma prioridade para se avaliar o estado de conservação das espécies de cetáceos, a fim de se analisar o impacto que ameaças humanas possam ter sobre as populações (Segura et al, 2006). Porém, há certa dificuldade em se avaliar de forma precisa o tamanho populacional e os padrões de distribuição e de residência para cetáceos, pois esses animais passam muito tempo submersos e estudos detalhados geralmente dependem de rastreamento remoto realizado a longo prazo (Martin e da Silva, 1998). Os botos são predadores topo de cadeia alimentar. Eles exercem a função ecológica de estabilizar e manter a diversidade da comunidade de peixes, por predarem espécies mais abundantes e indivíduos debilitados no ambiente aquático (da Silva, 1983). Assim, o conhecimento dos parâmetros populacionais da espécie, especialmente padrões de distribuição e estimativa de abundância na bacia do Rio Araguaia proporcionará a realização de inferências sobre o estado atual da população de botos e este conjunto de dados será uma ferramenta concisa para elaborar estratégias de conservação da espécie

Biotecnologias reprodutivas aplicadas à conservação da onça-pintada do bioma Cerrado

O melhor recurso para preservar as comunidades bióticas é a criação de reservas naturais. No entanto, essas ações nem sempre são suficientes na manutenção de uma adequada variabilidade genética de pequenas populações. Nesse sentido, a conservação da onça-pintada depende de ações que visem reduzir sua vulnerabilidade, por meio de atuações na conservação in situ e ex situ. O objetivo desse projeto é realizar a inseminação artificial em onças-pintadas de vida livre e de cativeiro do bioma Cerrado com sêmen fresco de indivíduos do mesmo bioma. Este trabalho será realizado no Instituto Onça-Pintada em parceria com o Grupo REPROCON, que desde 2010, vem trabalhando no desenvolvimento de metodologias e equipamentos para viabilizar a colheita e o congelamento de sêmen de onças- pintadas de vida livre.

Monitoramento da população de onças-pintadas do Parque Nacional das Emas

Para alcançar a conservação da onça-pintada há a necessidade de entender seus parâmetros populacionais. O monitoramento da população de onças-pintadas do Parque Nacional das Emas é realizado pela associação de armadilhamento fotográfico e coleiras VHF e GPS  desde 2002. Em 2008, foi desenvolvido um desenho amostral sistematizado que permitiu a utilização dos modelos espaciais de captura e recaptura para a estimativa de densidade. O último ano analisado foi 2017, e os resultados encontrados permitiram a identificação de um total de 26 onças no período de 10 anos (2008-2017), nove fêmeas, 13 machos e quatro indivíduos sem sexo identificado. A população tem densidade de 2,12 ind./100km², com a estimativa de 28 indivíduos. Os parâmetros de distribuição avaliados foram constantes, o que evidencia que essa população esteve estável ao longo desses anos. Alguns indivíduos mantiveram-se na população por mais de 10 anos.  Uma nova amostragem foi realizada em 2022 e os vídeos obtidos estão em fase de análise.

Ilha das Onças: ecologia, genética e conservação da onça-pintada na Estação Ecológica Maracá-Jipioca

Um estudo preliminar sobre a onça-pintada na Estação Ecológica de Maracá-Jipioca (Amapá), indica que o efeito da insularização sobre as onças-pintadas da ilha vem atuando de forma alterar seus hábitos alimentares para o consumo de presas com média de biomassa de 8,58 kg e padrão de atividade predominantemente diurno. Este projeto pretende investigar, entre outros aspectos, como esta espécie se comporta em um ambiente com escassez de água doce e de presas terrestres, além de investigar o padrão de dispersão da espécie como forma de avaliar a viabilidade genética populacional em longo prazo na ilha. A realização deste projeto propiciará uma melhor compreensão da demografia da população em um sistema insular, e revelará os aspectos biológicos e ecológicos associados às adaptações das onças nesta ilha. Para tanto, serão utilizadas armadilhas fotográficas e colares GPS. As armadilhas fotográficas serão utilizadas para o monitoramento contínuo da população de onças-pintadas e suas presas. Fezes da espécie localizadas durante as amostragens serão enviadas para laboratório especializado para extração de DNA, e também serão utilizadas para o estudo da dieta. Para investigar o padrão de uso de habitat, área de vida, padrão de movimentação e dispersão serão capturadas e aparelhadas com coleiras GPS 10 onças-pintadas.

No Rastro da Onça-Pintada

Este projeto tem como objetivo geral promover a identificação das populações atuais da onça-pintada no Brasil e embasar a aplicação de estratégias de conservação em longo prazo para a espécie, de acordo com as principais ameaças identificadas. Para tanto, serão unificados esforços entre pesquisadores e instituições de todo o país e utilizadas as melhores tecnologias e metodologias para coleta e análises de dados. Os resultados deste levantamento permitirão identificar as populações atuais da onça-pintada no Brasil e embasarão as estratégias de conservação em longo prazo para a espécie, de acordo com as principais ameaças identificadas.

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